21 de julho de 2008

"Sou sósia oficial do roberto carlos"

a frase acima tem explicação, infelizmente. e com ela, aprendi uma lição que, sempre que possível, coloco em prática: "dê dinheiro a um bêbado antes que ele começar a falar".
a muitos anos atrás, mais exatamente 2 anos, eue trabalhava em uma lotérica. os turnos eram meio estranhos por lá, eu entrava as 13:30 e saía as 19:00, quando não pintava nenhum problema como assaltos, falta de dinheiro e essas coisas. um dia conto sobre o assalto, foi algo legal.
nesse dia que se passa o fato a seguir, eu tinha feito merda e acabei por sair de lá umas 20:30, mais ou menos, acho que era mais tarde, mas isso não vem ao caso agora. eu tinha duas escolhas para chegar em casa: ou pegava o terminal guadalupe, com seus bêbados, travestis prostitutas com idade para serem minha vó que sempre se colocavam entre o caminho do ônibus, ou eu tinha a escolha de ir até o estação e pegar o ônibus por lá. cansado e sem nenhuma moeda no bolso, resolvi pegar o caminho do estação. eu não sabia ali, mas tinha feito merda fazendo essa escolha.
andando sossegado pelas ruas, observando a vida noturna de praças e botecos, eu demorava uns 15 minutos pra chegar lá, e durante esse trajeto, fui fuçando meus bolsos, e, qual minha surpresa, achei em um deles 5 reais, que utinha dado como perdido a muitas semanas. entro em um desses botecos, e com toda a minha malemolência, bato no balcão e digo:
-Uma coca de um litro
todos param de beber e me olham, no que logo emendo:
- E pra viagem! Rápido!
seguido por caras de WTS de praticamente todos que estavam por lá, menos de um deles, que estava dormindo na mesa, com uma poça de baba já pingando no chão. me deram ela em um daqueles sacos de pão, marrons, uma coisa que, se fosse vista de longe, parecia uma garrafa de cachaça.
chego até meu ponto, tomando o refrigerante direto no bico, mas não sem antes ser parado por um bêbado que esperava na porta do tubo, que me aborda e diz:
-escuta, cara, me dá um pouco disso aí, eu to com sede, minhas pernas estão queimadas- levanta uma das pernas da calça e mostra um enorme quantidade dde cicatrizes- a pomada pra ela custa 80 reais o tubo to com fome preciso de dinheiro pra pegar o onibus me dá um gole disso?
demoro uns 3 ou 4 segundos para dividir tudo o que ele disse, traduzir, ficar confuso, juntar tudo de novo, colocar na ordem e finalmente entender o que ele havia dito. minha resposta? me arrependo até hoje dela:
-ó só cara, fica com a garrafa e peraí- tiro da carteira dois reais, troco do refrigerante- pega isso também.
-o meu deus, deus que ajude, que deu te dê em dobro deus te salve- e mais um monte de des te alguma coisa que ignorei, entrando no ponto rápido.
quem entra logo atrás de mim? achoq ue não preciso dizer. ele se encosta no cano a meu lado, e começa a falar umas coisas, sobre as queimaduras, sobre a pomada, tudo de novo, até que o ônibus chega e vou rapidamente para o fundo, onde acho um banco.
o costume de carregar um livro é algo que nunca perdi, mas nessa época eu não tinha mochila, então o dcarregava nas mãos mesmo. começo a ler el ali mesmo, mas logo sou interrompido. atrás de mim, ouço uma voz conhecida:
-saudações, pessoas que estão indovoltando pra casa, eu, sósia oficial do roberto carlos, vou cantar uma música pra alegrar a viagem de vocês- vai pro fundo do ônibus, EM MINHA FRENTE e começa a cantar aquela música do calhambeque.
eu não sou uma pessoa de sentir muita raiva, ams ali, naquele momento, achoque cheguei perto. demora uns 30 minutos pra chegar até o terminal o ônibus, e esse cara foi cantando a viagem inteira. quando cansava, ele começava a locutar partidas de futebol imaginárias, ou rodeios, uma coisa de louco. uma hora, eu tinhachegado até a pensar em dar os outros dois reais que u tinha para fazer ele calar a boca, mas o risco de ele dedicar uma música a mim era grande demais.
chego até o terminal, e não sou o único a se espremer na porta e tentar sair antes que o bebado resolva seguir alguém. nunca vi uma multidão correndo de algo, mas ali foi o mais perto que cheguei de uma cena assim.
Até mais, e hoje é segunda, leiam a coluna no AOE.

2 comentários:

Lina. disse...

Os mendigos bêbados te amam. Hauhauhauhauh
Acho mesmo que ele tava esperando alguém dizer que pagava para ele parar de cantar...
E eu já li a coluna :D

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Luli disse...

Mendigos cantores são legais!
shahuahusahusa
Tá, nem são, mas xD
E, eu não sei comentar!